Um brinde às mulheres que dizem "sim"
Veja bem, não tenho qualquer pretensão que a avaliação sobre esta leitura seja unânime a meu favor. Entendo e aceito de bom grado as diferenças entre nós, vós, eles...bem como qualquer opinião contrária sobre credo, origem, grana, sexo, política e todas as discordâncias às minhas verdades absolutas que, obviamente, reinam acima das outras democraticamente.
Há contudo, um fator que nos equaliza. Digo, não somente eu e você, mas toda a raça humana à um só patamar, independente de sua heterogeneidade: a perpetuação atravéz do casamento.
Não malandragem! Não precisa fechar o blog e voltar para a revista Caras. Em absoluto desperdiçaria o meu ou o seu tempo discorrendo sobre o tema batidíssimo. Afinal todos nós passamos ou passaremos por esta experiência pelo menos...ahhhh never mind.
Suave para uns, tempestuoso para outros. Não há quem não se posicione sobre o assunto e seus desdobramentos. No meu caso, na qualidade de espectador desde garoto, o tédio sempre bateu à porta. Após inúmeras cerimônias regadas a bocejos, ressacas e indigestão causada pelos risóles oleosos, resolvi tirar proveito da situação.
Fato é que a união magnânima proporciona um cenário sem igual para a aplicação das malazartes. Trata-se de uma verdadeira batalha campal onde as aspirações ao amor eterno, os sorrisos cândidos e a adulação de familiares tem o poder de neutralizar as defesas das damas de ferro mais escoladas contra as palavras móles.
Confesso que sempre reagi horrorizado ao triste fim do mulhereto em casamentos após o consumo do imprestável vinho branco alemão "garrafa azul". Muitas adentram flutuando como deusas, ninfas do Tejo e horas mais tarde transformam-se em seres irreconhecíveis embaladas pelo desgraçado sambão tão peculiar em finais de festa...com maquiagem borrada, descalças com os pés encardidos e as meias finas furadas. Com os cavalheiros não é diferente. A fidalguia desaparece a medida que as gravatas tornam-se adornos de testa e o suor profusivo os iguala a criaturas saidas dos pântanos mais aterradores.
Percebam que é exatamente no comportamento das massas que reside a oportunidade. Sempre haverá alguma beldade belíssima e interessante à parte do infame cortar da gravata e jogar do bouquet. Esta por sua vez estará emocionalmente amaciada pelo cerimonial e ao mesmo tempo estupefada por ouvir e observar cenas tão hediondas como as descritas.
Foi com este foco que tormei-me um verdadeiro enxadrista no tema aplicando os ensinamentos de Sun Tzu, Pirro e Aníbal em minhas campanhas. É vero....reconheço com a cara lavada em óleo de peroba que fui um penetrão de casamentos e de suas frequentadoras. Tendo sempre a mão um bom scotch como escudo e a palavra como gládio eliminei inimigos, movimentei regimentos...impiedosamente usifruí e espoliei. À imagem dos grandes generais, instraurei um verdadeiro império dos sentidos.
Partilho agora as regras que utilizei ao longo de anos de fanfarronice:
. Adentrar e sair dos recintos de maneira natural porém impecável. Jamais tirar o paletó
. Mapeie e separe de imediato o joio do trigo: casadas, solteiras, acompanhadas, cíclopes...
. Dedique atenção máxima aos detalhes: uma mulher que não tem a capacidade de andar com elegância em salto 10 e mantê-lo nos pés geralmente têm femininidade e discrição comparáveis a um estivador nórdico.
. No caso de não conhecer sequer o porteiro da cerimônia, ter sempre um
comparsa. Um penetrão isolado é muito mais vulnerável aos olhares inquisitores de parentes abelhudos. Fato este pelo consumo contínuo de salgadinhos e por manter cosntantemente as mãos nos bolsos.
. Poupar passos elaborados de bolero ou salsa para momentos em spotlight, mesmo que para tanto seja necessário conduzir à pista a senhora saliente "maracujá de gaveta" que está lhe desferindo olhares libertinos durante a noite. Recomendo aulas na finíssima Companhia Celso Vieira de Danças de Salão, da qual fui aluno assíduo.(pode dizer a ele sobre a minha indicação)
. Evite os momentos críticos de finais de festa. Músicas de Carnaval, Pagode a Axé são campos absolutamente proibidos. Não passe o carão de ser mais um folião sebento no meio da populaça
. Entender e aplicar os ensinamentos versados no texto "O Teorema de Léo Jaime" deste humilde blog.
. Jamais subestimar o target. As mulheres não só estão anos luz à frente dos mais astutos galanteadores, como têm a capacidade de inverter os fatores rapidamente.
. A melhor das fortunas não encontra suporte em uma estrégia medíocre. Tenha certeza de ser um bom jogador de WAR e lembre-se que seu objetivo resumir-se-à a uma palavra, seja qual for o idioma: sim, oui, yes, si, aye, ja...
Espero porfim, que a cartilha sirva de inspiracão para a participação em mais e melhores casamentos e para o aperfeiçoamento das partes presentes no tabuleiro...tanto para a defesa, quanto para o ataque.
Desta forma, não poderia deixar de citar uma história registrada nos papiros descobertos por arqueólogos na ilha de Lesbos que sintetiza todas as regras acima: o conto milenar do bezerro e do touro
"Um impetuoso porém inexperiente terneiro observa rêses pastando do outro lado da cerca e desfere ao touro: "Ei velho! O paraíso está ao lado! Todas à nossa disposição! Basta pularmos a cerca e abrirmos caminho no espinhal com o peito para comermos uma delas. Vamos correndo agora e certamente poderemos tirar proveito!" O touro, impassivel, continua ruminando. Novamente o irriquieto terneiro insiste: "Mas velho!? Parece que estás morto!? Não vê que estão indo embora!? Se dermos uma carreira poderemos certamente comer uma delas!". O touro levante a cabeça e com ar de reprovação intervém: "Silêncio ò pentelho!! Não sejais impertinente além da minha tolerância. Não iremos correndo desesperadamente para nos machucar nos espinhais e somente comer uma delas. Vamos devagar, andando e no momento oportuno come-la-emos TODAS".
Mael
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